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Como forma de dar a conhecer ao mundo todo o seu sofrimento, João apresentou na Fnac Colombo o seu livro “Paredes Vermelhas”, relato das suas traumatizantes vivências dentro dos muros da Academia Militar. Uma realidade interna que para o autor é pautada por valores diferentes dos que ainda naquele dia, 12 de Janeiro, haviam sido apregoados pela instituição por ocasião do seu 175º aniversário.
Admitindo que estes “abusos de poder começaram logo desde o primeiro ano”, é com dificuldade que o autor fala do dia que mais o marcou. “Era de noite, fomos mandados para o pátio com a farda nº3 vestida sem nada por baixo. Lá, perante centenas de pessoas, mandaram-nos despir e apontaram-nos as lanternas para as caras e para as zonas genitais. Depois ainda tivemos que andar a rastejar meio despidos. Demasiado humilhante para ser descrito”, acrescentou emocionado.
“Pensei muitas vezes em sair, mas as ameaças, a chantagem e a possibilidade de ter que pagar uma elevada indemnização foram-me fazendo ficar”. Foi desta forma que o agora médico deixou prolongar o seu sofrimento até ao ano de 2005, altura em que acabou mesmo por sair em litigio da Academia Militar por não o quererem deixar escolher a especialidade de medicina por si desejada.
Desde a sua saída e com vários processos a decorrer na justiça nos entretantos, João começou a escrever o livro página a página ao longo de um processo “custoso e demorado”. “Tive que interromper a escrita por várias ocasiões porque estava a ficar deprimido, reviver todos aqueles momentos deixava-me cada vez mais triste”, afirmou.
Mas o trabalho acabou por ser concluído com sucesso. Perante a impossibilidade aparente de as pessoas que lhe causaram todo o mal serem condenados pela justiça, “Paredes Vermelhas” tem acima de tudo o objectivo de alterar uma realidade que o autor defende estar presente em várias instituições. “Se conseguir com o livro alterar alguns comportamentos e evitar que situações destas se repitam para mim já é uma grande vitória”, confessa com convicção.
Tal como está referido na contracapa, este é “um livro por um mundo melhor”, no sentido de denunciar injustiças mas também com a intenção de encorajar todas as vitimas deste tipo de abusos a falarem. “Libertem-se, falem e evoluam, deitem cá para fora tudo o que vos marcou”, é o conselho de João Albuquerque. Ele, já o fez. “Paredes Vermelhas” é uma história verídica de sofrimento e coragem de alguém que continua ainda a superar as marcas do passado. Vale a pena conhecer.
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Muitos parabens pela coragem e assuma a sua posição como tem de o fazer. Não dê relevância a comentários desagradáveis que virão do interior das Paredes Vermelhas. Se assim não fosse, não se trataria de Paredes Vermelhas. Segundo o que entendi do seu livro, nesse caso, as paredes teriam uma cor bem mais agradável. Força!
ResponderEliminarÉ isso mesmo... Já se esperava este tipo de comentários, como o autor disse no próprio livro!
ResponderEliminarA coragem de ser autêntico. O silêncio mata.
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